Estudante francesa realiza estágio voluntário na ONG Caatinga

Durante os meses de janeiro e fevereiro, o Caatinga recebeu a jovem francesa Garance, mestranda do curso de Desenvolvimento Agrícola da Universidade Sorbonne, que decidiu atravessar o oceano para conhecer de perto a realidade da agroecologia no Brasil. Atuando como intercambista e voluntária, ela se envolveu com diversas ONGs dedicadas à sustentabilidade, passando um mês e meio imersa no trabalho do CAATINGA, uma organização que semeia vida no Semiárido.
A Jornada de Garance pelo CAATINGA
Chegando com o objetivo de entender a organização das comunidades locais e a forma como a ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) contribui para o desenvolvimento da agricultura, Garance teve a oportunidade de vivenciar experiências inspiradoras. Ela conheceu histórias marcantes, como as do senhor Francisco Barbosa (Nego), de Sebastião (Barrim), de Francisco (Chico Peba) e de Eliziene – agricultores/as que fazem parte da rede agricultores e agricultoras experimentadores do Araripe. Por meio dessas experiências, Garance pôde observar a diversidade produtiva da região, compreender como as famílias se organizam desde a produção até a comercialização de seus produtos e identificar as principais práticas e tecnologias que subsidiam a produção agrícola.
O acompanhamento das atividades realizadas pela instituição também permitiu uma visão detalhada sobre a dinâmica de implementação de tecnologias e ATER. Durante esse período, a jovem explorou as iniciativas do projeto Sertão Jovem, que incentiva a juventude local a investir na produção agroecológica com a utilização estufas. Ela observou de perto as ações coletivas e individuais promovidas pelo Programa Bem Viver Semiárido, que reforçam a compreensão dos desafios e potencialidades da agricultura familiar brasileira através da observação direta dos cultivos e da interação entre as famílias e o meio ambiente.
Garance destacou, ainda, a importância das visitas e cadastros realizados pelo Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC). Segundo suas palavras, “as entrevistas que presenciei foram fundamentais para compreender melhor os processos e o funcionamento das cisternas, algo que não é comum na França.” Outro aspecto que a impressionou foi o sistema de Reuso de Água Cinza (RAC), uma prática sustentável que não existe na França. “Foi muito inspirador saber como isso é feito aqui”, conta, encantada com as soluções inovadoras aplicadas no sertão.
Garance pode ainda participar do Encontro de Saberes da Caatinga, uma experiência enriquecedora que promoveu intensas trocas de conhecimento entre agricultores/as pesquisadores e técnicos/as. Acompanhou um dia de gravação com a TV Globo, responsável por uma matéria especial sobre a escassez e o acesso à água no sertão. Seu interesse na documentação da ONG a levou a passar um tempo no escritório, compreendendo as técnicas implementadas na região. Durante uma conferência sobre o Crédito de Agricultura Familiar (CAF), ela teve a chance de aprender mais sobre os desafios econômicos da agricultura familiar.
Ao final dessa intensa jornada, Garance deixa o Brasil não apenas com novos conhecimentos técnicos, mas também com uma profunda admiração pela resiliência e criatividade dos agricultores do Semiárido. “Aprendi muito sobre como a natureza e o homem e a mulher camponesa podem coexistir de forma harmoniosa e produtiva”, concluiu. Seu intercâmbio foi, sem dúvida, uma troca valiosa, transformando tanto a jovem francesa quanto as comunidades por ela visitadas.



