Agroecologia e políticas públicas para combater a fome no Brasil

Por Helena Dias
Para marcar o Dia Mundial da Alimentação, lembrado na data do 16 de outubro, o CAATINGA convidou pessoas que vivenciam a luta pelo direito à alimentação saudável, pauta que também é nossa, a falarem sobre a importância e a atual situação da Segurança Alimentar no Brasil. A conversa foi transmitida no Programa Agricultura Familiar em Debate, veiculado no último sábado (17).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil voltou ao Mapa da Fome no ano de 2018 e cerca de 10,3 milhões de brasileiras e brasileiros não têm acesso regular à alimentação. O que deveria ser um direito garantido se tornou uma preocupação, já que nos últimos cinco anos o número de pessoas em situação de insegurança alimentar cresceu 3 milhões no País. No programa, refletimos sobre o papel do Estado no combate à fome e na expansão da agroecologia.

Para o secretário-geral do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional em Pernambuco, Régis Xavier, que participou do programa, durante a pandemia ficou evidente que o direito à alimentação precisa ser garantido assim como o direito à saúde, educação, moradia e emprego. Ele falou sobre a importância do calendário que compôs a Semana Nacional da Alimentação.

“Essa semana ela foi desafiadora, porque a gente está em uma semana que a gente precisa mais do que nunca chamar atenção para a alimentação e o combate a fome. A gente não quer só comida, quer segurança alimentar. E isso dialoga com outras políticas públicas, porque nenhum direito se sobrepõe ao outro.”.

O coordenador geral do Centro Sabiá e representante de Pernambuco na coordenação da Articulação Semiárido (ASA), Alexandre Pires, analisa que a situação da segurança alimentar tem se tornado “uma crise alimentar que atinge, principalmente, populações periféricas”. Pires aponta que as perdas das políticas públicas e dos investimentos na Seguridade Social e na Educação tem gerado a pobreza do povo.

“Nós temos uma leitura de que esse contexto da pandemia, associado a uma crise política e econômica que nós vivemos no Brasil desde o golpe que nós sofremos em 2016, com a retirada da presidenta Dilma Rousseff da presidência da República, vem agravando a situação de insegurança alimentar, fome e empobrecimento da população brasileira. Eu diria que a ordem é de empobrecimento que gera a fome e a miséria e que deixa a população em situação de vulnerabilidade social e alimentar.”

No mesmo passo que Régis e Alexandre apontam as políticas públicas como melhor caminho para o combate à fome e insegurança alimentar, a agricultora Eliete Rodrigues da Silva, do Sítio Teiú, localizado no município de Ouricuri, traz o relato de quem produz alimentação sem veneno e acredita que essas políticas públicas devem ser voltadas para o fortalecimento da Agricultura Familiar e a expansão da Agroecologia.

“Produzir sem veneno não é fácil, mas nós travamos essa batalha porque sabemos dos riscos. A segurança alimentar nada mais é que produzir sem veneno. Eu não quero falar agrotóxico, quero falar veneno mesmo, porque a forma que a gente tem de falar aqui é essa. Porque é um nome tão bonito, o agrotóxico. Não! É veneno, aquele que mata.”.

A agricultora do Sítio Dourado, no município de Parnamirim, Maria do Socorro Neto, contou sobre os cuidados no processo da produção agroecológica nas hortas e no plantio de milho, feijão e gergelim. Os produtos, em sua maioria, são vendidos na própria comunidade. Ela incentivou as agricultoras e os agricultores ouvintes do programa a buscarem conhecimentos e práticas agroecológicas.
“Quero deixar meu recado para que cada agricultor vá pensando na mudança, porque é uma mudança pra melhor. Hoje eu tenho uma segurança alimentar, hoje eu tenho orgulho do que eu faço. E na verdade, eu sou feliz e o meio ambiente agradece. Porque a gente tá fazendo um trabalho para a preservação.”.

O programa ainda contou com a participação das agricultoras Sônia e Vânia e dos agricultores Adão e Francisco. Tivemos bastante música e o terceiro episódio da zapnovela da campanha Não Troque Seu Voto, da ASA Brasil.

Confira: https://bit.ly/programacaatinga17102020

 

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