EDITORIAL: CAATINGA há 30 anos Semeando Vida Digna no Semiárido

O nosso boletim Matutando – Edição Abril/Maio 2019 já está no ar. Para conferir completo é só clicar aqui. E ao longo da semana vamos compartilhar todas as notícias. Começando pelo editorial da edição. Confira o texto completo abaixo:

por CAATINGA


O sentimento mais profundo neste momento é de agradecimento e irmandade com quem caminhamos juntos até aqui | Foto: Acervo CAATINGA/ Luca Zanetti (Cáritas Suíça).

Já faz algum tempo que não dá mais pra contar os anos do CAATINGA nos dedos das mãos. Nossa trajetória de contribuição para uma vida digna no Semiárido completou três décadas em 2018. Mas a semente foi lançada nas terras secas do Sertão do Araripe dois anos antes, com a instalação do CTA – Centro de Tecnologias Alternativas, em Ouricuri, em 1986, por iniciativa de um grupo de militantes daRede PTA – Projeto de Tecnologias Alternativas, junto com agricultores e agricultoras ligados/as aos movimentos sociais de base. 

No Araripe, assim como em todo Semiárido, predominava a lógica do combate à seca, que aumentava as desigualdades sociais, com concentração de riquezas. Mas foi naquele período que a esperança se renovou, com o a redemocratização do país. Enquanto CTA, os primeiros passos já davam um sinal de que surgia ali uma luz e uma esperança, quando buscava fincar suas raízes no conhecimento, na resistência e na fé das comunidades eclesiais, dos sindicatos rurais e no saber e compromisso de mulheres e homens do campo que, junto com os conhecimentos de técnicos/as, traziam consigo uma certeza em comum: o problema do Semiárido não é a seca, mas a falta de uma ação ampla e conjunta que ajude o povo forte a consolidar e massificar a cultura da convivência digna e sustentável com a região. 

Com um pé nas bases, junto às famílias, suas organizações e movimentos sociais e o outro pé no mundo das articulações e redes como a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), que contribuímos com a fundação em 1999; a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), em que o CAATINGA também está desde a fundação em 2002; a Rede ATER de Agroecologia do Nordeste, criada em 2003; a Rede de Agricultores/as Experimentadores/as do Araripe, consolidada em 2015, entre outras articulações e parcerias que fortalecem a participação e incidência na construção de políticas públicas adequadas à realidade e necessidade dos/as trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. 

Nesses 30 anos, passamos por vários momentos de expansão do trabalho e avanços, mas também grandes desafios. Quando alcançamos a certeza do caminho para a convivência digna com o Semiárido, aparecem novas e assustadoras ameaças. As mudanças climáticas e a crise institucional e política, que se instalam no país e no mundo, nos colocam em estado de alerta e insegurança. Mas também nos animam e nos desafiam à resistência.

O sentimento mais profundo neste momento é de agradecimento e irmandade com quem caminhamos juntos até aqui e queremos seguir em união pela manutenção e conquistas de mais direitos. Assim conclamamos a todos e todas para atuarmos cada vez mais coletivamente por “nenhum direito a menos”.

Viva o CAATINGA! Viva o povo forte do Semiárido! 

 

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