Processo de desertificação preocupa em municípios da região do Araripe
Com a extração excessiva de madeira para alimentar fornalhas em fábricas de gesso, padarias, casas de farinha e fábricas de cerâmicas, gradativamente as áreas de caatinga estão sendo degradadas e entrando em processo de desertificação na região do Araripe em Pernambuco. A situação já preocupa ambientalistas e entidades civis organizadas que lutam pela preservação do meio ambiente. Para o coordenador geral do CAATINGA, Paulo Pedro de Carvalho, apesar de a região do Araripe pernambucano ter uma cobertura de solo bastante favorável o estado de desertificação já preocupa. “Você tem municípios como Trindade que não tem mais 2% da cobertura de caatinga. Quanto mais próximo do pólo gesseiro, maior é o problema da desertificação, mas aliado a isso tem também a pecuária que continua o processo de degradação dos solos com o sobrepastoreio”, alerta. De acordo com o estudo realizado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a previsão é de que até 2050 todos os estados nordestinos devem perder em média 60% de suas terras produtivas. A situação é bem mais crítica nos estados do Ceará, Piaui e Pernambuco que devem perder respectivamente cerca de 80%, 72% e 65% das áreas cultiváveis. “Para nós da sociedade civil o que existe de mais concreto é a nossa atuação lutando para que os recursos cheguem na base, junto às comunidades e agricultores que estão vivendo as conseqüências do processo de desertificação. Tudo o que foi previsto pelos cientistas está acontecendo com mais intensidade e as previsões são bastante alarmantes, por isso governo, sociedade civil e empresas precisamos nos unir, pois são nossas vidas que estão em jogo”, salienta Paulo Pedro. Neste ano, diversas mobilizações estão sendo realizadas no sentido de conscientizar a população para a preservação do meio ambiente. Para tanto, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu este ano como ao internacional das Florestas, além disso, a Igreja Católica trata da preservação do planeta na Campanha da Fraternidade deste ano, e O Grito dos excluídos organizado pela CNBB no sete de setembro também trabalhará com a temática. Texto: Elka Macedo