Agricultores/as apontam caminhos para lidar com a seca

Agroecologia e armazenamento de forragem são citados como estratégia para enfrentar o período de estiagem

  Por Nathália D’Emery (Centro Sabiá)   Foto ilustrativa – Arquivo Caatinga   Com 2012 quase chegando ao fim, pode-se dizer que a intensa estiagem foi o principal desafio para agricultores e agricultoras do Semiárido brasileiro. O Governo do Estado declarou que o período é o mais seco dos últimos 40 anos. Além de Pernambuco, os estados mais atingidos foram Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. Mas, segundo o Ministério da Integração Nacional, existem cidades em situação de emergência em todo o Nordeste. A falta de chuva desde janeiro dificultou a produção agrícola, a garantia de sobrevivência dos animais e ainda o consumo de alimentos e água. Trata-se de uma situação difícil, mas não impossível de ser lidada. O Semiárido brasileiro é caracterizado naturalmente pelos períodos de seca. Por isso, a necessidade de reforçar o debate sobre a convivência com a região. Por um lado, as políticas emergenciais que alimentam a indústria da seca ainda persistem, mas, por outro, as estratégias de convivência, luta e resistência difundidas pela população sertaneja e pela sociedade civil também têm seu espaço. Ao longo de 2012, a agricultura familiar de base agroecológica foi uma das estratégias apontadas pelos trabalhadores/as rurais para enfrentar a estiagem. O agricultor Noé Ursulino, da comunidade de Carro Quebrado, município de Triunfo, diz que o sistema agroecológico em que trabalha teve perdas, mas também vantagens ao longo do período de seca. “Eu produzo bastante acerola e até com pouca chuva dá uma safra. O Nordeste é rico e a pessoa não valoriza. Temos as plantas nativas, como o umbu, que colocam com pouca chuva. O caju, por exemplo, é do sertão e produz neste período. Eu acredito que a agroecologia é um caminho para esse momento de estiagem e mostro ao povo. Ainda não temos o hábito de trabalhar com aquilo que o Sertão pode nos oferecer”, diz Noé. Já o agricultor Sebastião de Souza, da cidade de Flores, aponta a construção de um silo e o armazenamento de forragem como outra estratégia. “É o primeiro ano que armazeno e acho que acertei. Você pode pegar capim, milho ou sorgo, passar na forragem e cobrir com terra. Pode até guardar por um ano, que não tem problema. Eu fiz em fevereiro, comecei a abrir em setembro e está da mesma forma que coloquei. Deu certo e é com isso que estou mantendo os animais”. Quem ainda reforça os comentários sobre a necessidade de se preparar para o futuro, sabendo que a seca é um fenômeno natural do Semiárido brasileiro, é a agricultora Alaíde Martins, da comunidade de Sítio Souto, município de Triunfo. “Mesmo que tenhamos um bom inverno, temos que preparar alimentação para os animais para um ano, dois ou três. Eu já passei dos 50 anos de idade e nunca vi um ano tão seco como este. A dificuldade é grande para todo mundo, então temos mais é que armazenar, porque aí vamos ter segurança de, ao final de um ano ou dois, ter alimentação para os nossos animais”.

Compartilhe