I Mostra Agrícola de Cinema Orgânico será em Serra Talhada

Kátia Gonçalves –  DRT/3155BA “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”. Essa foi a frase do cineasta brasileiro Glauber Rocha quando quis definir os instrumentos de um cinema novo, na década de 1970.  Frase que perpetua no universo cinematográfico brasileiro. De fato, as produções tiveram um aumento significativo no mercado, não só em quantidade, mas em qualidade nos roteiros, quando mostrava um Brasil, até então, desconhecido, com muitos conflitos políticos e sociais. É perceptível observar esses detalhes nas cenas de alguns filmes como, por exemplo, Deus e o Diabo na Terra do Sol, do próprio Glauber; Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos e Os Fuzis, de Rui Guerra. A essência do cinema novo é encontrada em poucos filmes brasileiros atuais e o despertar para outros públicos, principalmente para os que moram na zona rural, ainda deixa a desejar. Poucos são os projetos culturais que fortalecem essa relação entre o cinema e o homem e a mulher do campo. E foi com o intuito de romper essa barreira que surge a I Mostra Agrícola de Cinema Orgânico no estado de Pernambuco. Aprovado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), o projeto tem como objetivo envolver agricultores e agricultoras das comunidades rurais do sertão do estado e chega em julho a Serra Talhada (PE). De acordo com o diretor geral do projeto, Gê Carvalho, durante três meses serão exibidos filmes com a temática agrícola e da vida do sertanejo. Integrada à Mostra serão oferecidas duas oficinas: Cineclube e Novas práticas agrícolas. “O contato com filmes que muitos agricultores relatam está associado a produções hollywoodianas que passam na televisão. Por isso é importante mostrar a existência de um cinema que fala do cotidiano deles, para que assim possam se identificar com os filmes e criarem laços mais estreitos com as produções feitas no próprio estado. Aqui estamos nos referindo à formação do olhar”, conclui. A proposta da produção da I Mostra é estimular a exibição de filmes com práticas pedagógicas de transformação, além de gerar reflexão dos agricultores acerca do cotidiano e do trabalho praticado por eles. Com o apoio do Centro de Educação Comunitária Rural (CECOR), a produção visitou alguns assentamentos do município de Serra Talhada e Santa Cruz da Baixa Verde, em seguida, decidiu que as três sessões, previstas para o mês de julho, serão exibidas no assentamento Santa Rita, localizado a 25km, de Serra Talhada, sertão do Pajeú. A técnica do Cecor Alda Balbino acompanhou as visitas nas localidades, que também são assistidas pelo Cecor. “Levamos a equipe nas localidades que tinham o perfil traçado pelo diretor geral do projeto. Além disso, foi analisado um local que dê acesso fácil aos demais agricultores das comunidades circunvizinhas. No assentamento Santa Rita, Gê Carvalho e a Larissa Sarmento (oficineira) gostaram do espaço rural, encontram os locais para as duas oficinas, por isso, decidiram desenvolver o projeto lá. Mas vale ressaltar que mesmo sendo exibido em Santa Rita, agricultores de outros locais também serão convidados. Terá carro para pega-los e deixa-los, após as exibições previstas para noite”, explicou Alda. As oficinas de Audiovisual e de Novas Práticas Agrícolas serão ministradas no período da manhã, respectivamente por Gê Carvalho e Raissa Sarmento. “Queremos atingir os agricultores em seu mundo dos sentimentos, o qual deverá ser impulsionado para os dois lados, para a vida dos pensamentos e para a vida da sua vontade. É a temática agrícola, trabalhada através do audiovisual, que pretendemos fortalecer com as sessões”, enfatizou Raissa. Os participantes terão acesso a transporte e alimentação.    

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