Caravana mostra que a Agroecologia é uma saída para a agricultura familiar

Por Laudenice Oliveira (assessoria Centro Sabiá)

Na chapada do Araripe, no município de Exú, Sertão de Pernambuco, o casal Vilmar Lermen e Silvanete Sousa construiu um local para bem viver com seus quatro filhos. Em uma área de um pouco mais de 10 hectares, no sítio Serra dos Paus Dóias, o casal optou em trabalhar com os Sistemas Agroflorestais (SAFs) para recuperar a terra, transformando-a em uma área produtiva e bonita. Durante a Caravana Agroecológica e Cultural das Juventudes do Nordeste – Rumo ao III Encontro Nacional de Agroecologia (III ENA), a família de Vilmar e Silvanete recebeu os/as participantes da Caravana. Nesta Rota, o debate foi em torno de como a agroecologia pode ser uma boa alternativa para a agricultura familiar. A visita conteceu no segundo dia de Carvana, 26 de março. Até 2006, Vilmar e Silvanete trabalhavam em outra profissão. Ela professora e ele prestava assessoria técnica à famílias agricultoras no Agreste de Pernambuco. Largaram tudo para correr atrás do sonho de plantar e viver na terra, num resgate de suas origens camponesas, já que ambos são filhos de agricultores/as. Para Silvanete, sonhar é algo importante para a vida. “Nós estamos perdendo muito a capacidade de sonhar. E é o sonho que impulsiona a gente”, ensina. A realidade de hoje, é fruto da ousadia do casal em acreditar nas potencialidades que o local que escolheram para viver tem. “Diziam que aqui não dava nada. Mas viemos para cá para descobrir o potencial que tinha aqui”. Uma descoberta foi a do que se podia fazer com as frutas nativas como o cambuí e a murta. Geleia, licor e doces foram algumas das ideias que deram certo para o aproveitamento dessas duas frutas. E o que é melhor, para o que se produz tem mercado. A comercialização é feita na comunidade, em eventos e feiras. O Casal já conseguiu levar seus produtos até para a Fenearte. Agrofloresta – árvores nativas, frutíferas, madeireiras, adubadeiras, uma diversidade de espécies. Sem falar nas culturas anuais como o milho, a fava, o feijão-de-corda, a macaxeira, além de hortaliças e a criação de animais de pequeno porte como o porco, a galinha, as abelhas. Tudo isso garantindo segurança alimentar para a família e produtividade que gera renda e qualidade de vida no campo. “Não foi fácil. Quando a gente chegou aqui, nem luz tinha. Hoje tá assim e a cada dia é um aprendizado”, explica Vilmar, enquanto mostra para o grupo de visitantes em que se transformou sua área de terra. No Sertão do Araripe o que o polo gesseiro e a Transnordestina destrói e desconstrói, a agricultura familiar de base agroecológica reconstrói e transforma vidas.

Compartilhe