Atos denunciam que os agrotóxicos e transgênicos inviabilizam a agroecologia
Por Alan Tygel (MST) Foto: Daniel Leon Cerca de 100 participantes do III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) protestaram nesta manhã (19) em frente à unidade de pesquisa da Monsanto, em Petrolina. No local, são feitos experimentos com milho e sorgo geneticamente modificados. Foram colocadas diversas cruzes na porta da empresa simbolizando as mortes provocadas pelos transgênicos e agrotóxicos da empresa. Segundo o agricultor Vilmar Luis Lermen, da cidade de Exu, em Pernambuco, não é possível a convivência entre agroecologia e os agrotóxicos e transgênicos: “Essa mutação genética tem provocado inúmeros distúrbios ambientais nos biomas onde é implantado. Queremos que a socidade possa escolher livremente os alimentos que quer comer e que o meio ambiente seja preservado”, disse Vilmar. Além das cruzes, foi colocada uma placa na frente da empresa com os dizeres: “Fora Monsanto”. Em toda a Unidade, não há nenhuma identificação da empresa, cujo motivo talvez seja a péssima imagem construída em torno dela no mundo. A última Marcha contra a Monsanto, em 2013, teve ações em mais de 50 países. A Monsanto é acusada de possuir uma estratégia de dominação dos agricultores e agricultoras, através do monopólio das sementes e da cobrança de taxas sobre a produção. “Esse é um ato simbólico para que nós possamos conversar com a sociedade. Nós temos a proposta de convivência com os diferentes biomas brasileiros, da autonomia das famílias. Esse modelo que a Monsanto implementa é feito para gerar dependência”, afirma Vilmar, que acusa o governo brasileiro de ser conivente com essa proposta: “a CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] aprovou os transgênicos no Brasil e a Embrapa apoia essa pesquisas.” Sobre o recado que o III ENA quer passar para a empreasa, Vilmar é direto: “A Monsanto não é bem vinda nem no Brasil e em nenhum lugar do mundo. Nós temos uma proposta de segurança alimentar, de convivência com as condições ambientais em todos os biomas, e estamos firmes nesta luta com todos os povos da humanidade pela soberania.” Além desta intervenção, outros atos aconteceram na manhã desta segunda. Ainda em Petrolina, mulheres estiveram no escritório da Embrapa Semiárido para entregar um documento pedindo a valorização da Agricultura Familiar em detrimento do agronegócio. Outro grupo se dirigiu ao Mercado do Produtor, em Juazeiro, para protestar contra a disfusão de mosquitos da dengue transgênicos na região. O ENA, que termina hoje, teve a participação de cerca de 2 mil pessoas, sendo a maioria agriculores e agricultores de todos os estados do Brasil.