Território Araripe

Por Marcelo Casimiro Sou da terra do pequi De um pé de serra, logo ali Onde a água é farta e brota da nascente E o verde da floresta dá boas vindas a toda gente   Padin Ciço ali nasceu Mas sua história, no juazeiro floresceu Religião, política e milagres Tudo isso fez parte Mas a igreja não o reconheceu Antes excomungado, agora quase canonizado Pelo milagre da hóstia que na boca de uma negra O “absurdo” aconteceu.   Cariri é a região Juazeiro, comércio e romarias Barbalha, Santo Antônio e águas frias E o Crato, as raízes e o coração.   Mas aqui destaco o Araripe Terra do Gonzagão, Luiz Rei do Baião Onde a Caravana aconteceu Com gente de todo região Desse rincão de meu Deus A Articulação Nacional de Agroecologia Desenvolveu uma metodologia Que mostra a verdade da luta do dia a dia Visibilizando as economia Que o troço do Agronegócio Não mostra nem com um Pai Nosso.   Agroecologia não é apenas uma forma de produção É vida, respeito e harmonia Feijão, milho, melancia galinha, peixe e o leite Um verdadeiro banquete Para quem vive no sertão é fartura todo dia.   Confrontar esse modelo insustentável É uma missão difícil Mas com tantas ONG´s e entidades Lutando em todas as cidades Se torna cada vez mais possível.   Produzir com saúde, respeito e harmonia Essa é a ideologia Onde o trabalho doméstico, mercantil e autoconsumo são valorado E o valor agregado computado E somados ao estoque e as trocas e doações Garante a reciprocidade marcante nas populações.   Duvido que numa grande propriedade Flores, borboletas e abelhas façam parte paisage Na agricultura familiar a chegada é acolhedora Se acheguem vamos na lavoura Que adepois Vamo comer um baião-de-dois.   As trajetórias das famílias nunca foram tão valorizadas Até o trabalho da enxada agora é contabilizado Sem falar do quintal produtivo Nas hortas, nos cultivos e nos animais E em todas as tecnologias sociais Que permitem os NSGA prosperar cada vez mais.   As mulheres sempre escondidas, agora escolhidas Para terem seu trabalho reconhecido Com esse método desenvolvido Valorando hora por hora E trazendo a tona, o trabalho que outrora Estava invisibilizado Mas que mesmo assim ainda sobrecarregado.   O patriarcalismo ainda deixa seu rastro no território Tanta gente sem terra, dependente do patrão Para plantar milho e feijão E ter seus criatório.   A reforma agrária é a solução E os movimentos sociais estão atentos Ocupar, resistir e para da produção As famílias tirarem seu sustento.   O Caatinga a 25 anos atua Para que a verdade nua e crua Seja evidenciada e valorizada Num território de tanta desigualdade Onde depois do gesso tudo se exaure Ficando apenas o pó e os governantes sem dó Só espiam essa realidade.   Paulo Petersen e Luciano Vem nos ensinando, descomplexando Evidenciando os gorilas que estão na nossa frente Mas que pelo ofuscar das nossas lentes Não percebemos os danos Que por baixo dos panos Invisibilizam tanta gente.   A Caranava Agroecológica e cultural do Araripe acabou Mas as experiências agroecológicas e os impactos que se mostrou a todos impressionou Para nós foi tudo muito bonito Triângulo, zabumba e o muído Feito com muita animação Com gente de toda região.   A cultura teve seu destaque Os Rafas sem nenhuma maldade A base de muita poesia Mostraram que a maior riqueza Está nas coisas simples do dia a dia.   Aqui me despeço Com saudade e um grande desejo Deque um dia A Agroecologia será a maioria!     Marcelo CasimiroCavalcante        

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