Resgate, troca e multiplicação de sementes marcam Feira de saberes e sabores
“A semente resgatada, novamente ver plantada”. O trecho de um dos versos do poeta Alan Sales evoca o sentimento de muitos dos agricultores e agricultoras que em espaços como o I Encontro Estadual de Sementes Crioulas reencontram espécies de sementes que há muito não viam. Foi assim, na feira de saberes e sabores que aconteceu no fim da tarde desta terça-feira, 22, que os participantes puderam trocar, multiplicar e resgatar sementes de milho, feijão, fava, guandu, gergelim e tantas outras que fazem parte da vida dos sertanejos e sertanejas. O agricultor Jose Carlos Alves Cavalcante, que mora no Assentamento Riacho da Onça em Afogados da Ingazeira destaca o sentimento de viver este momento. “É importante um espaço como esse porque a gente vai conhecendo outras sementes que a gente pensava que não tinha mais na região. E isso é importante pra gente retornar e voltar a plantar as sementes. Tem semente como a gente viu, que tem cem anos, e que resistiram apesar desses anos de seca. Quer dizer que é uma resistência muito forte dos agricultores e dessas sementes”. Além das sementes, a feira ofertava aos participantes e visitantes doces, publicações e artesanato feitos à base de caroá, tecido, crochê, bucha e outros. Neste sentido, Valdeci Maria da Silva, do Quilombo Conceição das Crioulas que fica localizado no município de Salgueiro, salienta que os produtos trocados e comercializados na feira trazem muito do sentimento e da vivência das famílias agricultoras. “É uma alegria muito grande estar nesse espaço. Um momento desses é de grande importância porque a gente vê o produto um do outro, vê que tem gente de todo o estado que luta pelo mesmo objetivo e vê a imensidade de produtos e sementes que a gente tem. A gente não está apenas vendendo um produto, a gente está levando a nossa história, a nossa cultura e resistência para outras pessoas”, afirma a artesã e agricultora.