Quintal produtivo: conhecimento que transforma o arredor de casa

Por Cicera Carvalho e Kátia Rejane

 

Historicamente famílias agricultoras, especialmente as mulheres, cultivam nos quintais, espaços aos arredores de casa. Essa é uma forma de otimizar tempo e o uso da água, sobretudo a água de reuso, que vem das atividades da lavagem de louças, roupas e do banho. Os quintais são referencias no cultivo de hortas, frutas, plantas medicinais e criação de pequenos animais, como galinhas. É desse espaço que sai parte da alimentação das famílias agricultoras e alimentos para comercialização feita nas comunidades, nas feiras e outros espaços. 

No assentamento Nova Conquista, município de Ouricuri, no Sertão do Araripe de Pernambuco, os quintais vêm se tornando cada vez mais espaços de produção de alimentos e  conhecimentos. Produzindo uma diversidade de frutas e verduras com pouca água. Essa produção foi fomentada a partir de uma atividade realizada pela equipe técnica do CAATINGA com as mulheres da comunidade, através de uma ação do Projeto Comunidade e Criança, realizado em parceria com ActionAid Brasil. 

As mulheres falam dos quintais com muita satisfação. “O quintal para mim é muito importante, porque estou produzindo alimentos saudáveis, para mim e para minha família. É também uma terapia, pois quando estou com algum problema, vou para o meu quintal cuidar das minhas plantas e aí eu fico bem”, afirma a agricultora Regilene Macedo, moradora do assentamento. 

Os jovens da comunidade se envolve nas atividades e contam da satisfação em contribuir com a mudança na paisagem da comunidade. “Quando chegamos aqui existia pouca plantação, hoje a realidade é outra, pois iniciamos um plantio de árvores nativas e cultivos de alimentos”, relata Lucas Macedo, de 19 anos. Para Rian Macedo, de 13 anos, cuidar das plantas é uma alegria. “Eu ajudo minha mãe a regar as plantas e tirar pimentas para fazer a comida, por que ela é muito ocupada. Eu também tenho umas plantas e gosto muito do quintal da minha mãe, é muito bonito! Ela gosta de plantas e eu também. Planto tomate, pimentão e outros tipos”, afirma.

As famílias agricultoras do assentamento Nova Conquista, seguem na resistência, mostrando que algumas tecnologias de convivência com o Semiárido e a produção coletiva de conhecimentos são suficientes para transformar a realidade.

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