Trabalhar com SAFs no Semiárido é viável

A família de Sebastião Alves da Silva, conhecido como Barrin e Marilene Socorro Delmondes vivem na comunidade de Lagoa de Comprida, município de Ouricuri, além do casal os filhos: Guilherme e Mateus, o filho mais velho Gabriel, já não está mais no sistema produtivo. A família participa da associação de trabalhadores e trabalhadoras rurais da comunidade e constrói a rede Araripe( Rede de agricultores e agricultoras experimentadores e experimentadoras do Araripe), junto com várias outras famílias do território. A família sempre viveu da agricultura e o seu espirito experimentador é algo que se destaca a participação efetiva nos espaços de discussão e a vontade de pôr em prática as práticas e manejos que acredita dar certo é o que motiva a família a experimentar, adaptar e buscar construir e partilhar conhecimentos.

Barrim conta que nasceu e sempre viveu no campo, buscando aprendizagens para não ter que desmatar e nem fazer uso de queimadas e práticas danosas ao meio ambiente, ainda na juventude tentou a vida em grandes centros como parte das pessoas de sua geração, morou um tempo em São Paulo, mas não se adaptou e voltou em 2003 para trabalhar na agricultura de forma agroecológica, produzindo alimentos para a família e animais, a partir de então passou a participar de reuniões, intercâmbios e receber assessoria técnica realizado pelo caatinga, “Hoje eu sei que com tecnologias sociais, que permita a convivência com o semiárido e possibilidades de construção de conhecimentos, é possível ter vida digna aqui no semiárido” afirma o agricultor que é um entusiasta da agroecologia e convivência com o semiárido.

Como uma família que acredita no experimentar e se sente provocada a inovar a cada momento de construção coletiva de conhecimentos, ao conhecer os sistemas agroflorestais não hesitou em iniciar o trabalho, apesar das dificuldades e muitas vezes da descrença de que agroflorestas no semiárido é possível e viável, no ano de 2013, quando a família foi contemplada pelo Programa uma terra, duas águas (P1+2), da Articulação do Semiárido (ASA/BR), inicio o sistema agroflorestal.

 

Barrinho e Marilene contam que o inicio da implantação do sistema foi muito trabalhoso, os dois primeiros anos foram voltados para o investimento, inclusive de trabalho e tempo da família, agora no terceiro ano é que começou a mostra resultados. “O que mais chama a atenção no trabalho com o saf é a diversificação da produção que na agricultura familiar sustentável é fundamental” Conta o agricultor agroflorestal. A família lembra que a área escolhida para implantar o SAF foi uma área bem degradada e o primeiro passo foi trabalhar a adubação que já tinha dentro da propriedade, através da compostagem usando o esterco de animais, casca de ovos, feijão de porco e cinza do fogão geoagroecologico, muito papelão e fazendo a coberta vegetal para economia de água e redução da temperatura nas plantas, também foi trabalhado com diversos tipos de culturas: Palma,leucena ,gliricidia, moringa, guando, feijão de porco, gergelim, acerola ,manga,goiaba,graviola,ruma,limão,urucum,banana, maracujá , mamão e  capim elefante.

A família lembra que para o inicio de SAF é necessário observar a área para entender a necessidade, e ver a melhor forma de fazer uma intervenção na mesma, logo depois observar as plantas nativas e adaptadas à realidade, outra atividade importante é a coleta de sementes. “Sem sementes não tem como semear, e sementes adaptadas à região precisamos trabalhar o SAF de acordo com a realidade de cada região.” Afirma Marilene.

Outro ponto que a família destaca no trabalho com os sistemas agroflorestais é a facilidade de envolver todos os membros da família, adultos e crianças podem contribuir com o trabalho, por exemplo Marilene é responsável pelo plantio das sementes, irrigação, adubação e na capinação seletiva do sistema. Os meninos Mateus(06 anos) e Guilherme  de 14 anos estudam pela manhã, mas a tarde quando chegam da escola contribui com a aguação das plantas, na adubação e na colheita. Guilherme também é responsável pelo cuidado com os animais (Bovinos ovinos e galinhas caipira).

A família relata que gosta do trabalha que faz, para Guilherme é muito bom poder estudar e contribuir com o serviço no SAF. “Gosto de trabalhar com SAF, por que é um jeito novo de trabalho, não desmata, não queima, não degrada para produzir alimentos” Conta o adolescente.

 Marilene conta como se sente em trabalhar na agricultura onde trabalhou desde criança, mas agora de forma agroecológica. “Me sinto feliz em trabalhar aqui com minha família e espero continuar com nosso SAF, produzindo alimentos para nossa família e nossos animais e ainda oferecendo um alimento de qualidade para pessoas, através da comercialização, pois hoje nós comercializamos  no empório Kaeth e aqui mesmo na comunidade” Conta Marilene.

A família destaca ainda o papel das tecnologias, cisterna de enxurada, duas cisternas de 16 mil litros de água, bioagua, biodigestor e o fogão geoagroecologico. Todas elas contribuem para que o seu sistema tenha um bom funcionamento e permite que o sistema agroflorestal se torne cada vez mais viável e rentável no semiárido. “Trabalhar agrofloresta na área de caatinga ele é viável, pois este bioma além de resistente dá bons frutos” Afirma Barrim.

 

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