Crianças e jovens do Sertão do Araripe falam sobre os impactos da pandemia em suas vidas

Por Helena Dias

Dificuldade de estudar online, falta de acesso à internet e saudade das amigas e dos amigos. Esses são os temas mais recorrentes nos relatos feitos por crianças e jovens ao CAATINGA, no último programa Agricultura Familiar em Debate, veiculado no sábado (10). As frequências do rádio, desta vez, abordaram os direitos das pequenas cidadãs e dos pequenos cidadãos com foco na saúde mental.

Nos últimos meses, são vários os debates sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na infância e juventude, mas ninguém melhor que elas e eles para dizerem com propriedade como sentem o período. Esse olhar sobre o distanciamento social, a necessidade de mais atenção aos hábitos de higiene e o acesso precário ou ausência da internet no meio rural, você pode conferir abaixo:

 

Sabrina Kemely, moradora do centro do município de Granito.

“Tá sendo muito difícil essa quarentena, porque a gente não pode ver os amiguinhos, não pode brincar com os amiguinhos e eu também sinto vontade de ir estudar na escola. As aulas online são muito chatas, porque a gente não pode ver os professores, abraçar os professores. E também é muito legal a escola. Gosto de viajar, mas não posso porque assim a gente pode pegar algum coronavírus.”.

Julia Yasmin, da Fazenda Caraíbas, em Ouricuri.

“Eu não sabia que vinha esse momento, entendeu? Que vinha essa pandemia. Eu nunca esperava vir essa doença, entendeu? Eu fiquei muito assustada que não dá para sair, não dá para passear. Só ficar dentro de casa, se isolar. Eu até estudo na minha casa, eu brinco. Se sair tem que ser com máscara e álcool em gel. Ficar passando nas mãos. Eu moro com a minha mãe, minhas irmãs e meu irmão.”.

Ryan Lopes, do Assentamento Nova Conquista, em Ouricuri.

“Minha vida nessa pandemia está sendo muito difícil. Não tem internet de qualidade, não dá para estudar direito, não dá para ver meus amigos e não dá para ir à escola também.”.

Elisabete Muniz, da comunidade do são Pedro, Parnamirim.

“Tenho dez anos e curso o quarto ano. Nesse período de pandemia, estou estudando online por meio de grupos de estudo e blocos de atividade. Um período difícil, pois estou com saudade da minha escola, dos professores e colegas.”.

Débora Lermen, da comunidade da Serra dos Paus Doias, em Exú.

“Nessa pandemia, estou fazendo atividade em casa, online. Eu estou bem por aqui. E vocês, como estão por aí? Eu estou bem por aqui. Ajudo na cozinha e na agrofloresta.”.

Yude, do Sítio Pau Ferro.

“Aqui no sítio, nessa pandemia, acho que é melhor que na cidade porque respiramos ar puro. O ruim é que ficamos afastados de tudo e, principalmente, da escola e com os cuidados com a saúde aumentados. Mas com fé tudo vai ficar bem. Um abraço do Yude. Deus abençoe!”.

Ycaro Taylan, da comunidade de Boa Fortuna.

“Eu quero falar sobre a utilidade da natureza, porque é bom viver no sítio. A gente respira um ar melhor, mais puro do que lá na cidade. Aqui na minha casa, eu tenho várias plantas, a gente toda semana rega as plantas. A gente passa o dia todinho só aguando as plantas. Lá na cidade a gente não vai conseguir respirar um ar puro, porque lá não vai ter tantas árvores para poder purificar o ar da gente.”.

Kaline, do Assentamento Nova Conquista, em Ouricuri.

“Eu vou falar um pouco da pandemia, que eu não estou estudando por causa de internet. Eu não estou estudando online, não tenho internet em casa e não posso sair. Moro com grupo de risco e espero que essa pandemia acabe logo e volte as aulas normal do jeito que era, porque eu estou frustrada.”.

 

Maria Clara, da Agrovila Nova Esperança, em Ouricuri.

“Sobre a pandemia, está sendo um pouco difícil e chato. Porque é difícil que não dá para eu brincar com os meus amigos e afeta os meus estudos. Mas eu estou estudando um pouquinho em casa, fazendo aulas de balé online e também estou brincando aqui em casa. Assistindo umas séries de filmes e fazendo colares e pulseiras que eu vendo. Eu ando de patins e é só isso.”.

 

Arthur Horas, do Assentamento Nova Conquista.

“Minha maior dificuldade na pandemia é não poder estudar, porque eu não tenho internet. E também ficar longe dos amigos.”.

Maria Niuamy, da comunidade do Sítio Teiú, em Ouricuri.

“Tá sendo um pouco difícil e chato. Porque é difícil que não dá para eu brincar com meus amigos e afeta um pouco os meus estudos. Mas eu estou estudando um pouco em casa, não estou fazendo aula online. Brinco de bola com meus primos, Mateus e Antônio Marcos. É isso!”.

Marcos Antônio, do Assentamento Nova Conquista.

“Como eu estou estudando online, as atividades ficam difíceis. Porque não tem a explicação da professora e fica difícil de responder as atividades.”.

 

Isabela Vieira, do Sítio Teiú.

“Eu não gosto da pandemia. Eu não posso ir para a minha escola brincar com meus coleguinhas. Eu espero que isso acabe logo.”.

Eunice Daquele, do Sítio Teiú.

“Neste ano, eu escolhi por não estar participando das aulas online. Eu sei que essa não foi das melhores escolhas, mas foi por motivos complicados. A conexão do wifi não é das melhores e eu tenho dificuldades de aprender as coisas rápido. Sei também que a pandemia tem sido complicada para milhares de pessoas, milhares de estudantes e trabalhadores. Estou procurando estar sempre em casa com a família e me proteger sempre. O ano está prestes a acabar e o ano que vem é um ano novo, acreditamos que vai dar tudo certo, vai ficar tudo bem e vamos voltar com as nossas atividades presenciais.”.

Genildo, do Sítio Palácio, em Granito.

“Essa quarentena está sendo bem desafiadora em questão de aulas online, pois tudo estava indo bom e programado até que veio essa pandemia e mudou tudo, entramos nessa modalidade. E, para mim aqui do sítio, que precisa e carece de ensino.”.

 

Neste programa Agricultura Familiar em Debate, você também pode conferir as dicas da  psicóloga clínica e coordenadora de Saúde do município de Princesa Isabel, na Paraíba, Carla Alves. Ela deu orientações sobre como apoiar crianças e jovens no convívio com a pandemia.

Trouxemos o segundo episódio da Zap Novela da campanha Não Troque Seu Voto, da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), o poema Brincadeiras de Criança, do poeta Júnior Baladeira e a participação da presidenta do Conselho Municipal de Assistência Social de Granito, Camila Oliveira Santos. Confira: https://bit.ly/programacaatinga10102020

O programa Agricultura Familiar em Debate é transmitido todos os sábados, às 7h, na na Rádio Voluntários da Pátria FM 100.9 Ouricuri/PE. Você pode ouvir no mesmo horário pela internet: https://bit.ly/VPOuricuri

Foto da matéria: Acervo CAATINGA (registro de ações ocorridas antes da pandemia)

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