Reuso da água garante a resistência de quintais produtivos do Sertão do Araripe

Por Jane Lopes

Diversidade e beleza são as principais palavras que definem os quintais produtivos das mulheres assistidas pelo CAATINGA no projeto FBB Mulheres. Na semana passada, foram montados 8 kits de irrigação em propriedades da comunidade do Morcego e da Agrovila Nova Esperança, localizadas no município de Ouricuri, onde anteriormente haviam sido instaladas tecnologias de Reuso de Águas Cinzas (RAC). Esses kits potencializam o crescimento de árvores frutíferas, plantas medicinais e hortaliças que são cultivadas pelas agricultoras da região.

Facilitar a irrigação e garantir o reuso da água tem sido muito importante para estas famílias, a escassez hídrica é sem dúvida uma das principais dificuldades enfrentadas por elas. “Desde que conheci a tecnologia, sonhava com uma. Sonhava em reaproveitar a água que a gente já usa no dia a dia. É muito bom, estou muito feliz”, conta a agricultora Elizete Guimarães, da comunidade Fazenda Caboclo, no município de Santa Cruz.

No período da estiagem, tem sido necessário reduzir a produção e aproveitar as águas que foram utilizadas na cozinha, no banheiro e na lavagem de roupas. Nesse sentido, a troca de conhecimentos por meio dos quintais produtivos são carregadas de aprendizados, partilhas, luta e resistência na construção de novos saberes.

O uso das iniciativas e tecnologias também acontecem a todo vapor, ainda serão implantados 22 dessalinizadores. O projeto trabalha com 22 grupos de mulheres em 6 municípios do território do Araripe. “A gente sente uma alegria muito grande em ver a esperança no rosto das mulheres que sempre lutaram para manter seus quintais produzindo. Agora, enxergam nessa tecnologia e nesse processo de construção de conhecimento a possibilidade de fortalecer tudo isso”, afirma a técnica Iris Maria, da equipe do CAATINGA.

Trajetória

É comum encontrar nos quintais sinais de reaproveitamento da água e isso ajuda bastante na produção, mas a possibilidade de aproveitar toda a água utilizada no consumo doméstico e fazer a filtragem adequada chama atenção das mulheres e as encanta. Foi pensando nesses anseios que o CAATINGA concorreu ao edital de replicação de tecnologias sociais da Fundação Banco do Brasil (FBB) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 2019, com o projeto Mulheres rurais: produção, beneficiamento e acesso ao PNAE.

Por meio dele, já foram construídas 88 tecnologias sociais Água Viva, iniciativa desenvolvida pelo Centro Feminista 8 de Março, que tem sede em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Além do acompanhamento técnico, são realizadas oficinas de beneficiamento dos produtos cultivados e também sobre acesso ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

O projeto segue até o mês de outubro deste ano. Mesmo com as dificuldades causadas pela pandemia, as atividades estão sendo realizadas com todos os cuidados em saúde e orientações necessárias para a proteção da vida.

Edição: Helena Dias

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