Campanha Tenho Sede, da ASA, promove seu primeiro mutirão na região do Araripe em parceria com o CAATINGA

Duas famílias da Fazenda Patos, em Ouricuri (PE) terão cisternas de 16 mil litros em seus quintais com água de qualidade.
Mutirão foi realizado na Fazenda Patos, em Ouricuri (PE) / Foto: Vani Souza/CAATINGA

Por Stéffane Azevedo – CAATINGA/Angola Comunicação

O CAATINGA foi indicado pela ASA Pernambuco para construir, no território do Araripe, duas cisternas de primeira água com capacidade de armazenar 16 mil litros de água. Na sexta-feira, 22 de abril, foi realizado um mutirão de construção das cisternas para contemplar duas famílias da comunidade da Fazenda Patos. Em entrevista com a nossa equipe, a agricultora Adriana da Conceição, uma das contempladas, fala como era sua situação em relação ao acesso à água: “Eu precisava muito! Olhe a minha condição, somos 8 pessoas e não tínhamos um balde para colocar água. Deus enviou vocês”, declara.

A campanha Tenho Sede, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), atua há mais de 20 anos no Semiárido construindo cisternas capazes de captar e armazenar a água das chuvas. São mais de 1 milhão de cisternas construídas por todos os Estados do Nordeste e Norte de Minas Gerais: “A ASA busca de fato mobilizar toda a sociedade para que possa dar continuidade a esse programa, fazê-lo chegar a tantas outras famílias no Semiárido brasileiro que ainda não tem acesso à água potável de qualidade. E agora como uma ação prática, um resultado já nas primeiras doações da campanha”, explica Marcos Jacinto, coordenador executivo da ASA Brasil pelo estado do Ceará. Para milhares de famílias, essas cisternas são sua única fonte de água. Isso significa que para a população do Semiárido brasileiro, tem disponível água potável durante o período de estiagem. Uma cisterna de primeira água permite que uma família de até 6 pessoas tenha água para necessidades básicas, como cozinhar e dar banho nas crianças.

A rotina de Adriana e de sua família vai mudar, pois a cisterna ajuda a poupar tempo e esforço físico. O tempo usado para buscar água em poços e barreiros longe de casa passa a ser investido no convívio familiar. “Agora com a cisterna a gente vai poder reservar água da chuva. Sem água é muito difícil, pois não temos como tomar banho, fazer comida, ou até mesmo, tomar água”, conta a agricultora. A cisterna, através das políticas de Convivência com o Semiárido contribuem para a garantia da segurança alimentar e nutricional como revela a pesquisa feita pela VigiSAN, que constatou que a presença da fome dobrou nos lares sem acesso à água, saindo de quase 23% para quase 46%.

Ainda existe um número expressivo de famílias que não têm acesso à água de qualidade no Semiárido brasileiro. Nesse contexto, o povo do Semiárido enfrenta, nos últimos 3 anos, a menor taxa de investimento desde a criação do Programa Nacional de Apoio à Captação de Água da Chuva e Outras Tecnologias Sociais (Programa Cisterna). O acesso à água, que poderia ser garantido com uma tecnologia social que possui baixo custo, fácil aplicabilidade e envolve o engajamento da comunidade em sua construção, ainda assim, segue sendo afetado pela falta de políticas públicas no Semiárido brasileiro.

Segundo o Portal da Transparência, foram executados no Programa Cisternas em 2019 R$ 84,6 milhões por meio de ação orçamentária específica. A projeção para o Plano Plurianual (PPA) 2020-2023 é de R$ 183 milhões, o que significa que o valor previsto para os próximos quatro anos não chega nem à metade dos R$ 643 milhões previstos no orçamento apenas para 2014, quando os recursos começaram a diminuir de forma mais expressiva.

O direito à água está dentro da agenda da segurança alimentar e nutricional e a conquista das cisternas impacta na redução da mortalidade infantil, contribuindo com uma vida mais digna à população do campo. Desta forma, para ampliar a construção de cisternas de primeira água através da campanha Tenho Sede, é importante garantir doações regulares que assegurem os custos das construções. Nesse contexto, as doações irão permitir que mais cisternas cheguem para o povo do Semiárido, ajudando-os a transformar, a partir da água, as realidades de suas famílias e comunidades. A campanha também impacta a vida das mulheres, principais afetadas pela falta de acesso à água para consumo humano. O CAATINGA e ASA fortalecem mais uma vez o trabalho e parceria em prol da agricultura familiar e da garantia de direitos à população do Semiárido brasileiro.

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