Tempo de colheita no São João

Uma das maiores manifestações culturais populares do Nordeste começou, o São João, e com essa data tão especial temos uma fartura de alimentos e muita confraternização
Foto: João Vital/Arquivo CAATINGA

Por Stéffane Azevedo – CAATINGA/Angola Comunicação

O mês de junho no Nordeste é um período de muita alegria, quadrilha, fogueira, milho e muito forró. Também é tempo de fartura de alimentos, tradição e confraternização. O São João, que marca a celebração da colheita, é uma festa essencialmente do povo brasileiro, sobretudo aqui no Nordeste. Convidamos o agricultor de Santa Filomena, Antônio do Amaro para falar mais sobre o partilhar e também sobre os costumes no período das festividades da colheita. “As pessoas fazem promessas dizendo que se tirarem uma boa safra, vão fazer uma festa para São Gonçalo, aí vamos lá, fazemos uma festinha, a coisa mais linda do mundo, muito alegre, muito divertida. Agora mesmo eu vou fazer uma. São essas coisas que a gente não pode deixar de fazer, não podemos deixar acabar”, relata.

No Nordeste, as tradições juninas se mantêm, mas enfrentam também desafios. As fogueiras na porta de casa, o milho assado na brasa e as conversas com familiares ao redor da fogueira estão, muitas vezes, se perdendo, dando lugar às grandes festas com grandes atrações culturais de forró eletrônico, entre outros gêneros. Mas o período junino é tempo também de resistência e de reafirmar as belezas nas tradições da cultura popular. Em entrevista ao CAATINGA, Yara Barros, coreógrafa e componente da quadrilha Luiz Lima Rosa, nos conta que apesar da pandemia, e da luta para dar continuar com as festividades locais, as quadrilhas voltam com muita força na região do Araripe. “Depois da pandemia nosso total de componentes duplicou, acredito que as pessoas largaram mais seus celulares e agora estão valorizando, tentando resgatar essa cultura, acho que devido a pandemia que ficou tudo parado, tudo fechado. Agora a força jovem veio, porque a maioria dos componentes são jovens e novatos, voltaram com esse grande aumento. Confesso que as dificuldades são grandes, mas nossa força de vontade de dançar, de externar o que a gente sente, e valorizar nossa cultura, é maior ainda, vamos levar a tradição junina para todos os lugares. O São João é uma cultura muito bela”, conta.

Manter as tradições culturais populares é manter viva a nossa memória social e ancestral! O São João, como essa grande festa da colheita, é esse momento de partilhar, pagar as promessas feitas antes da safra e agradecer. Para os agricultores e agricultoras, é um momento de celebrar os bons resultados da colheita, juntar amigos/as e parentes que fizeram parte desse manejo, onde tudo é feito no coletivo.

O músico e poeta do território do Araripe, Júnior Baladeiro, fala sobre a riqueza cultural no Nordeste mas, principalmente, na região do Araripe: “Quando a gente parte do campo da música e para o sertão do Araripe, podemos dizer que somos um berço musical. Essa música que é feita em sanfona, mais do que nunca, porque somos terra do Luiz Gonzaga e outros grandes cantores da música nordestina, vamos dizer assim. As músicas que saem daqui da região como o forró e o baião, estão nas manifestações do nosso povo e caminhando pelas danças, além das danças de salão como xote, baião, bem como o forró, encontramos as outras expressões como a dança de São Gonçalo, que é uma coisa muito forte ainda aqui na região do Araripe”, conta.

O tempo da colheita é tempo de esperança e renovação. É tempo também de defender uma vida digna e farta no Semiárido. Que em 2022 possamos fazer uma festa da colheita onde a gente possa também plantar esperança pra colher alegria na próxima safra.

Um feliz São João para todos e todas!

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