Agroecologia nas Eleições: impactos das nossas escolhas nesse momento
Por Ana Roberta Amorim
As eleições que ocorrem neste domingo (2) trazem pautas imprescindíveis para diversas áreas da sociedade, em especial, para a população do campo. Após quatro anos de um governo que promoveu o desmonte dos programas de incentivo à agroecologia, à agricultura familiar e de ameaças reais contra a vida e bem-estar das mulheres e dos homens rurais, existe a oportunidade de termos um retorno à rota da normalidade.
Ainda assim, a provável eleição de Lula já neste domingo ou no segundo turno vai enfrentar uma série de desafios no que diz respeito ao campo, os principais deles listados na carta-compromisso lançada pela Articulação Nacional de Agroecologia. Ela foi entregue para candidatos aos cargos eletivos, que tiveram a oportunidade de assinar e assumir o compromisso com as pautas levantadas no texto. Dos cerca de 28 mil que concorrem pelos 27 estados brasileiros, apenas 641 se posicionaram. A lista completa pode ser vista no link: https://bityli.com/lQyEPlff.
Dividida em cinco pontos, a carta descreve a situação em que a agroecologia se encontra no Brasil e as mudanças necessárias para que a sua valorização volte a existir no país. Em um contexto no qual 33 milhões de pessoas passam fome e mais da metade da população (58%) vive em insegurança alimentar, a aplicação das práticas de manejo da terra realizadas pelos povos originários, comunidades quilombolas e famílias camponesas é imprescindível.
Direitos territoriais, enfrentamento à fome, ciência crítica, democratização da cultura, controle social na construção de políticas públicas e promoção da igualdade de gênero e racial são alguns dos temas levantados na carta-compromisso.
Esses pontos são importantes, ainda mais por terem sido apresentados a candidatos e candidatas aos cargos legislativos, porque falam não somente sobre quem vive do campo – plantando, produzindo e vendendo -, mas de toda a sociedade brasileira que depende da população camponesa.
O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, uma das principais economias não só da América Latina, mas em comparação com países de outros continentes. É impensável, portanto, que um número tão alto de brasileiros e brasileiras ainda tenha seu acesso à comida negado ou dificultado.
“Nós estamos passando um momento muito grave de fome no nosso país e a agroecologia é uma resposta a essa situação. Sabemos o quanto a produção de alimentos, respeitando as características da natureza, valorizando os alimentos sem agrotóxicos, [faz com que] nós teremos uma alimentação saudável”, defende Carlos Eduardo de Souza, membro do núcleo executivo da ANA.
Por isso, a escolha de candidatos e candidatas alinhados com essas propostas apresentadas na carta da ANA é uma forma da população do país ter clareza de quem vai, de fato, defender a agenda da agroecologia no Congresso Nacional. Afinal, são as/os deputados/deputadas e senadores/senadoras que são responsáveis pela formulação das leis e fiscalização dos poderes executivos, representados pelo presidente e seus governadores, e que podem elaborar projetos de incentivo e proteção da agroecologia e dos territórios.
“É fundamental que nesse processo eleitoral estimulemos processos de debates. Nós não estamos escolhendo um candidato ou outro. A gente precisa saber de que forma o candidato ou candidata está assumindo inteiramente as propostas que fazem juízo com o nosso cotidiano e a nossa vida”, conclui.